Repertório 451 MHz,

Vida de professor: Alfredo Bosi

Com participação de Augusto Massi, episódio do podcast 451 MHz homenageia o crítico cultural Alfredo Bosi (1936-2021)

07maio2021

Está no ar o quadragésimo episódio do 451 MHz, o podcast da revista dos livros! Duas vezes por mês, trazemos entrevistas, debates e informações sobre os livros mais legais publicados no Brasil. 

Neste episódio, o apresentador Paulo Werneck recebe o escritor, editor e crítico literário Augusto Massi para prestar uma homenagem a Alfredo Bosi, que morreu no último dia 7 de abril aos 84 anos. Bosi foi um dos maiores críticos da literatura brasileira, um grande intérprete do Brasil, um humanista e um pacifista.

O 451 MHz tem apoio dos Ouvintes Entusiastas. Seja um você também!

O 451 MHz tem apoio da Rádio Companhia, o podcast da Companhia das Letras e conta com a parceria do podcast Quarta Capa, da Todavia, que no episódio mais recente recebeu Nuno Ramos e Gabi Barbosa para falar sobre o livro A vegetariana, de Han Kang. Assinantes da Quatro Cinco Um têm desconto para compras no site das editoras. O 451 MHz também tem uma parceria com o podcast Faxinaque conta histórias de vida de faxineiras imigrantes e acaba de estrear sua segunda temporada.

Ouça o 451 MHz aqui e agora:

Pensador do Brasil

Este episódio homenageia o professor Alfredo Bosi (1936-2021), um dos maiores críticos da literatura brasileira, um grande intérprete do Brasil, um humanista, um militante e pacifista, além de professor extraordinário — como atesta Augusto Massi, convidado do 451 MHz, que foi seu aluno e amigo.

“Ele tinha muito bom humor. Às vezes ele soltava umas farpas na aula, uma provocação, e a gente via que ele estava discretamente rindo. Não era em nenhum momento uma aula monótona. Era uma aula muito viva”, diz Massi, que é professor de literatura na Universidade de São Paulo e editor com passagem na histórica Cosac Naify, da qual foi diretor editorial.

Ao longo da conversa, Massi divide memórias de Bosi dentro e fora da sala de aula, como professor e amigo. Em uma delas, conta como o mestre se emocionou lendo um poema do livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, na frente dos alunos: “Aquilo me marcou profundamente no sentido de que havia ali uma ligação muito profunda com a palavra poética”, diz. “No centro de toda a atividade dele como crítico, historiador, o que você encontra é uma preocupação de dar aulas.”

Massi fala também sobre como Bosi é fruto da democratização da universidade e comenta sua militância ecológica (“uma faceta muito vanguardista para a época”), a relação com a mulher Ecléa Bosi, que foi professora, escritora e psicóloga, e o modo como inspirou uma geração de intelectuais como José Miguel Wisnik e Alcides Villaça. “O Bosi depois de certo tempo deixou de ser um crítico literário e passou a ser um pensador.”

Bibliografia selecionada 

          

Bosi é autor de obras como Dialética da Colonização, de 1992, e Brás Cubas em três versões: estudos machadianos, de 2006, publicados pela Companhia das Letras. Desde que lançou História concisa da literatura brasileira, aos 34 anos, em 1970, tornou-se referência em estudos literários e nome de proa na crítica brasileira. Foi membro da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira 12 desde 2003, e recebeu diversas condecorações por sua produção intelectual, como dois prêmios Jabuti (1993 e 2000), a Ordem de Rio Branco (1996) e a Ordem do Mérito Cultural (2005). 

     

Para quem deseja começar a ler Bosi, Massi recomenda Três leituras: Machado, Drummond, Carpeaux (34), um exemplo de seu talento como ensaísta e crítico, e Os trabalhos da mão (Positivo), que, segundo ele, é um segredo até para leitores de Bosi: “Acho um texto lírico, crítico e ensaístico, mas ao mesmo tempo parece um texto de criação. É bonito mesmo”.

Sabiás

Ainda neste ano, a editora Autêntica lança o novo livro de Augusto Massi, Os sabias da crônica, com textos assinados pelo sexteto formado por Rubem Braga, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Stanislaw Ponte Preta e Carlinhos Oliveira. A antologia é inspirada em uma foto de Paulo Garcez na qual todos aparecem reunidos na cobertura de Braga, em Ipanema, no dia da fundação da editora Sabiá, da qual foram os primeiros autores publicados.

Em série de palestras, crítico canadense reflete sobre o impacto do estudo literário no comportamento da civilização

O livro terá quinze crônicas de cada autor, sendo noventa no total. “Tentei marcar um pouco uma história geracional de amizade”, conta Massi. “Eu senti uma leveza, uma alegria ao fazer isso. Acho que é um belo antídoto para a gente reatar esses laços em que a literatura era feita da experiência cotidiana, de estar imerso na vida.”

O 451 MHz é uma produção da Rádio Novelo para a Quatro Cinco Um
Apresentação: Paulo Werneck
Coordenação Geral: Paula Scarpin e Vitor Hugo Brandalise
Produção: Gabriela Varella
Edição: Claudia Holanda
Produção musical: Guilherme Granado e Mario Cappi
Finalização e mixagem: João Jabace
Identidade visual: Quatro Cinco Um
Coordenação digital: Juliana Jaeger
Gravado com apoio técnico da Som de Cena (SP).
Para falar com a equipe: [email protected]